quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Piada de mau gosto
Confiram essa piadinha de péssimo gosto que recebi por email. Leiam e tirem as suas conclusões, se quiserem:
Antigamente se ensinava e cobrava tabuada, caligrafia, redação, datilografia...
Havia aulas de Educação Física, Moral e Cívica, Práticas Agrícolas, Práticas Industriais e cantava-se o Hino Nacional, hasteando a Bandeira Nacional antes de iniciar as aulas..
Leiam relato de uma Professora de Matemática:
Semana passada comprei um produto que custou R$15,80. Dei à balconista R$ 20,00 e peguei na minha bolsa 80 centavos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer.
Tentei explicar que ela tinha que me dar R$5,00 de troco, mas ela não se
convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender.
Por que estou contando isso?
Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que
foi assim:
1. Ensino de matemática em 1950:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro?
2. Ensino de matemática em 1970:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda ou R$80,00.. Qual é o lucro?
3. Ensino de matemática em 1980:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$80,00. Qual é o lucro?
4. Ensino de matemática em 1990:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$80,00. Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00
5. Ensino de matemática em 2000:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00. O custo de produção é R$80,00. O lucro é de R$ 20,00.
Está certo?
( )SIM ( ) NÃO
6. Ensino de matemática em 2009:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$ 80,00.Se você souber ler coloque um X no R$ 20,00.
( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00
7. Em 2010 vai ser assim:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Se você souber ler coloque um X no R$ 20,00.(Se você é afrodescendente, especial, indígena ou de qualquer outra minoria social não precisa responder)
( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Manifesto Porta na Cara
Segue para a vossa apreciação.
domingo, 15 de novembro de 2009
O racismo nosso de cada dia
Prezados,
O SESC Madureira desenvolve o projeto “Arte de Encontrar “que tem como proposta a prática de parcerias entre comunidades populares, instituições públicas, privadas e do terceiro setor. O projeto valoriza o potencial criativo de crianças e jovens de diversas comunidades, propiciando a troca de experiências .
O próximo encontro ocorrerá no dia 17/11/2009 a partir das 14:00h. Este mês com a temática “Consciência Negra”: conversando sobre a cultura “Banto”, com os historiadores Walter Nkosi e André Lemba; apresentações de danças afro e café servido por mucama, lembrando os áureos tempos coloniais. As instituições poderão participar ativamente apresentando suas produções artísticas, mediante inscrições prévias ou assistindo ao evento.
Contamos com a sua presença!
SESC MADUREIRA
Rua Ewbanck da Câmara, 90. Tels: 3350-1855 e/ou 3350-4536
E-mails: Madureira.comunidad e@sescrio. org.br e/ou Madureira.terceirai dade@sescrio. org.br
Equipe Comunidade/Terceira Idade
Att
Roberta Vieira
robertasantos@ sescrio.org. br
3350-1855
os parceiros confirmados: Novembro
Música e Dança:
ACAP'S (com apresentação de dança); apresentará três números de dança, trazendo 10 crianças para atuarem.
Expositores:
Waldecyr Rosas (Arteiros)
Vera Lúcia (GFACGR)
Margarida Feitosa (iniciante)
Heronildes (Instituto consciência&companhi a)
os parceiros confirmados: Dezembro
Música e Dança:
ACAP'S
a.. Apresentará números de dança (circo, dança e Hip hop), trazendo 50 crianças para atuarem;
b.. Trará oficina de Hip hop
c.. Estamos tentando fechar, oficina de corte de cabelo
Expositores:
Waldecyr Rosas (Arteiros)
Vera Lúcia (GFACGR)
Margarida Feitosa (iniciante)
Heronildes (Instituto consciência&companhi a), com possibilidades de contarmos com mais expositores vinculados a unidade.
Obs: Gostaría de contar com a colaboração de todos, no sentido de abrangermos mais e mais nossos encontros. E ressaltar que estamos aceitando sugestões para os próximos encontros.
Aguardo retorno!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Uma constatação.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Sobre os pagodeiros baianos e a sua suposta falta de "cultura musical".
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
O caso da "puta" da UNIBAN
Fiquei tremendamente surpreso - e revoltado - com o fato de outras mulheres estudantes da UNIBAN terem se divertido com o fato e ainda gritado "puta! puta! puta!" quando a moça passou pelos corredores da faculdade escoltada por policiais. Pensei: que loucura! O que poderia ter acontecido com essa moça poderia também ter acontecido com qualquer uma delas. Afinal de contas, elas também são mulheres.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Causa mortis: racismo
Sempre digo aos meus estudantes que apesar de lermos sobre casos de racismo, preconceito, violência e congêneres, assistir a reportagens, filmes e documentários, e debatermos sobre o assunto, tendemos a pensar que essas coisas estão meio que distantes de nós. Não sei como nem por que isso acontece, mas o fato é que pensamos que isso jamais nos atingirá, pois numa produção televisiva ou numa matéria jornalística o evento parece frio, distante, e talvez seja por isso que pensamos dessa forma. Entretanto, estamos totalmente enganados, pois o preconceito, o racismo, a homofobia, o desrespeito às manifestações religiosas e outras formas de agressão correlatas estão muito mais próximos do que nós imaginamos.
Há muito tempo, comecei a fazer um esforço para deixar de pensar assim. Tenho tentado imaginar que tudo pode acontecer comigo, pois só desta forma eu poderei tomar os meus cuidados para não ser vítima de uma desgraceira qualquer. Entretanto, nem sempre consigo – afinal de contas, também sou humano.
É sempre assim. Toda vez que nós denunciamos e protestamos contra um preconceito por demais naturalizado em nossa sociedade, sempre aparece alguém para minimizar a situação. No caso do racismo, é comum ouvirmos coisas do tipo "foi uma brincadeira", "eu não falei isso para te ofender", "você está com mania de perseguição", "você é muito radical", "agora ninguém pode falar mais nada contigo porque tudo é racismo pra você", dentre outras coisas. O racista costuma falar as merdas dele como se fosse a coisa mais natural do mundo, e quando nós nos rebelamos contra isso ele ainda se dá de ofendido!! Trocando em miúdos, o racista nos agride e o errado somos nós porque protestamos contra a agressão.
Quando eu falo do alto poder de letalidade do racismo então, sou chamado de exagerado na hora. “Afffffffffff, Rogério!! Que exagero!! Você também, viu? Aparece com cada uma!!”
Há duas semanas, um fato trágico ocorrido no bairro onde eu moro mostrou mais uma vez o poder devastador do racismo. Um adolescente de 14 anos, tido como branco pela família, começou a namorar uma menina preta. Ao saber disso, os familiares não aceitaram o relacionamento e, para dissuadi-lo, começaram a encher a cabeça dele com os preconceitos mais odiosos que se pode imaginar: a mãe dele disse que não queria que ele "sujasse a família"; que ele "namorasse uma neguinha"; que se ele engravidasse a namorada, o filho fatalmente nasceria com "cabelo ruim", e por aí vai.
O menino se viu tão atordoado e pressionado pela família por causa disso, que tomou uma medida drástica: comeu chumbinho e se matou.
Ao saber disso, eu fiquei pensando como a namorada desse cabra está arrasada. Se não for feito um trabalho sério (e rápido!), ela certamente não conseguirá relacionar-se com mais ninguém. Será uma pessoa fadada ao fracasso sentimental. Tudo porque ela é preta, e a família do namorado dela não queria que ela “manchasse” a vida do rapaz. O racismo fará com que ela pense que o problema está nela, pois normalmente é isso que acontece.
Houve quem dissesse que a família do suicida está sentindo um profundo remorso por causa do desfecho trágico do caso. Eu não acredito nisso. Apostaria que a mãe desse adolescente está colocando esse fardo nas costas da menina, ou seja, chegou para ela e disse o seguinte: “a culpa é sua!! O meu filho morreu por causa de você”. Tudo para que a menina se desespere e faça a mesma coisa que o namorado dela fez.
O que mais me revolta nisso tudo é saber que se alguém perguntar à mãe desse rapaz se ela é racista, ela dirá que não. Mas afinal, quem é racista nesse país?
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Boicote ao filme Os Normais 2
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sábado, 22 de agosto de 2009
Um desabafo.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
O "jeitinho" inglês (ou o Brasil não é uma maravilha, mas também não é a lata de lixo do mundo).
Hoje, um mês após o crime, elas foram julgadas e condenadas a um ano e cinco meses de prisão, mas a pena poderá ser convertida em prestação de serviços à comunidade. Os passaportes das duas estão retidos pela polícia desde o dia em que as duas foram presas, mas a defesa entrou com um pedido de liberação dos dois documentos na justiça. Resta saber se elas permanecerão no Brasil para cumprir a pena caso os passaportes sejam liberados (o que vocês acham?).
O que mais me revoltou foi a reação de algumas pessoas demonstrada na seção para comentários da matéria. Algumas pessoas disseram que a pena foi “muito dura”, que “não havia necessidade de tanta rigidez”; houve um que disse que acha temerário que essas inglesas prestem serviços comunitários aqui no Brasil; “por que não se faz uma operação padrão igual a essa no Senado?” Esses foram alguns dos impropérios disparados lá.
Eu fiquei pensando cá com os meus botões: “brasileiro é muito idiota mesmo”. Quanto sentimentalismo barato! Estão com peninha? Levem-nas para as vossas casas. A justiça brasileira está corretíssima ao ter condenado essas duas golpistas. Se duas brasileiras tivessem feito isso na Inglaterra, elas já teriam sofrido o diabo nas mãos da polícia inglesa; a essa hora, estariam presas na cadeia mais imunda da Inglaterra, incomunicáveis e sofrendo todo tipo de tortura física e psicológica – isso se já não estivessem mortas, é claro.
Aliás, os brasileiros nem precisam cometer crimes para serem maltratados lá. Até onde eu sei (corrijam-me se eu estiver errado, por favor), não é necessário tirar visto para entrar na Inglaterra. É um oficial do serviço de imigração inglês que decide se nós podemos entrar no país ou não. Isso quer dizer que se eu chegar ao aeroporto de Londres e o oficial for com a minha cara, eu serei autorizado a entrar. Caso contrário, eu terei de pegar os meus paninhos de bunda e voltar para o Brasil – ainda que a minha documentação esteja toda regularizada.
Casos de abuso da polícia inglesa contra brasileiros não faltam. No momento, só me lembro de dois: uma mulher (não me lembro de onde) que passou anos juntando dinheiro para pagar um intercâmbio de curso de inglês em Londres, mas teve de voltar para o Brasil porque o policial simplesmente não foi com a cara dela, e outro de uma menina do interior da Bahia (esqueci de qual cidade) que foi fazer turismo e foi tratada pior do que um cachorro pelos policiais. A coisa foi tão grave que a menina menstruou enquanto esteve presa no cubículo onde foi posta no aeroporto e os canalhas não permitiram sequer que ela fosse ao banheiro para se limpar e trocar o absorvente. Quem souber de mais algum exemplo, que se manifeste.
Outras pessoas ficaram penalizadas pelo fato de as duas pilantrinhas de meia-pataca terem ficado presas durante seis dias na penitenciária feminina de Bangu e sido condenadas a um ano e cinco meses de cana. Oooooh, meu deus! Coitadinhas das pobrezinhas!! E o que aconteceu com Jean Charles lá no metrô de Londres, cambada, vocês já esqueceram? O cabra era inocente, não tinha nada a ver com a situação, mas levou sete tiros na cabeça em uma ação atabalhoada da Scotland Yard (considerada a melhor polícia do mundo [eu nem quero imaginar como é a pior]) só porque foi confundido com um terrorista. Bem que os policiais poderiam tê-lo prendido e averiguado os fatos, mas preferiram matá-lo para dar uma resposta rápida à sociedade inglesa, atônita com os atentados à bomba no metrô de Londres. Bem que os mais experientes dizem que memória de brasileiro é curta.
Não podemos esquecer também o caso de Ronald Biggs. Um ladrão safado, que assaltou o trem-pagador britânico em 1963, fugiu da cadeia, veio para o Brasil, rapidamente descobriu que estrangeiro que tem filho brasileiro não pode ser extraditado, e por isso emprenhou a primeira que passou pela frente dele para gozar desse benefício. Resultado: ficou aqui no Brasil durante mais de trinta anos, tirando onda de bon vivant, e só retornou à Inglaterra por livre e espontânea vontade em 2001 porque estava doente e sabia que não teria direito a tratamento médico aqui no Brasil.
Eu só espero que o caso dessas duas golpistazinhas inglesas sirva para que nós paremos de pensar e dizer por aí que gente pilantra, trambiqueira, que gosta de levar vantagem em tudo só existe aqui no Brasil; que o Brasil é o “país do jeitinho”. Gente, o “jeitinho” não é brasileiro, e sim mundial.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Sobre as tentativas de reinclusão da Bahia no horário de verão
De um lado, estão os empresários baianos que dizem que a permanência da Bahia fora do horário de verão traduz-se em “sérios prejuízos à economia da Bahia” (leia-se: redução dos seus lucros). Isso porque há uma hora a menos para realizar operações de câmbio; muita gente perde os voos devido à diferença de horário em relação ao horário de Brasília; as pessoas têm sempre uma hora a menos de expediente bancário, dentre outras coisas. O empresariado esperneou, gritou, deu chilique, mas felizmente não conseguiu sensibilizar o governador Jaques Wagner. Resultado: a Bahia continuará fora do horário de verão “em solidariedade aos outros estados do Nordeste”, nas palavras do governador.
Do outro, está a população (e é justamente isso que me deixa mais puto da vida). Sempre nos final de agosto e começo de setembro, as emissoras de TV baianas saem às ruas para saber a opinião do público sobre o assunto. As respostas são sempre as mesmas: “ah, eu acho que o horário de verão deveria voltar porque assim a gente não perde a novela”; “o horário de verão é bom porque a gente fica com uma hora a mais para aproveitar o sol”; “com o horário de verão é possível ficar uma hora a mais na praia tomando cerveja com os amigos”. Citarei somente esses exemplos para não ficar chato.
Eu fico mais puto ainda porque ninguém me entrevista. Sei muito bem que as emissoras de TV cortariam a minha resposta na hora de editar a fita, mas seria um grande orgasmo mental dizer o que eu penso a esses repórteres idiotas.
Ver os empresários reivindicando o retorno do horário de verão é compreensível, pois eles só estão preocupados com os seus interesses capitalistas, ou seja, eles só querem encher os seus bolsos de dinheiro e o resto que se foda. Entretanto, ver e ouvir o povão, a população, a “plebe rude” defendendo isso é de matar! Custa-me a acreditar que alguma pessoa seja capaz de dizer tamanha sandice.
O horário de verão só é bom para quem pode dar-se ao luxo de acordar às 10h e possui carro. Pois para quem mora na periferia, acorda às 5h, anda 700m até o ponto mais próximo e tem de esperar o ônibus sozinho num ponto escuro, sem segurança, rezando para que o buzu chegue antes do ladrão, adiantar o relógio em uma hora é uma desgraça. Sem contar os transtornos físicos causados: comer fora do horário que já estamos acostumados, dores de cabeça (quando a Bahia ainda estava inclusa, eu sentia fortes dores durante os três primeiros dias), distúrbios do sono... A lista de problemas é interminável.
Em suma, não vale a pena passar por tanto tormento em prol de uma economia de energia irrisória. Num país como o Brasil, existem formas muito mais inteligentes de poupar eletricidade do que adiantar o relógio em uma hora. Conter o desperdício e utilizar fontes alternativas e limpas já ajudam bastante.
sábado, 8 de agosto de 2009
Fim de semana da Stock Car em Salvador.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Unidos venceremos - ou pelo menos incomodaremos bastante.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Nós somos tão inocentes assim?
Coisas que eu não consigo entender (se é que eu conseguirei algum dia).
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Existe mesmo racismo no Brasil ou isso é coisa de "denuncistas e radicais do Movimento Negro"?
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Proibição aos cursinhos pré-vestibulares no Rio de Janeiro
Proibição aos Pré-Vestibulares continua...
Em outubro de 2006, o ex-prefeito Cesar Maia, de maneira triste e lamentável, proibiu que os pré-vestibulares comunitários utilizassem os espaços das Escolas Públicas Municipais para as suas aulas. Esse projeto funcionava há cerca de dez anos nessas escolas e tinha por objetivo criar condições para que os alunos pobres ingressassem na Universidade. Algo bonito e importante até porque, infelizmente, a educação pública, particularmente no Rio de Janeiro, é de péssima qualidade em função da total ausência do Estado em priorizá-la em suas ações governamentais. Professores desvalorizados e mal-remunerados, espaços públicos sucateados e a ausência de um política educacional são marcas, há muito tempo, da política pública carioca nessa área.
Na época da proibição, havia mais de 140 núcleos só na capital carioca e um histórico de aproximadamente 30 mil alunos oriundos desses projetos estudando em Universidades. Depois de diversas reuniões e tentativas de diálogo durante o ano de 2007, o ex-prefeito insistiu nessa absurda atitude alegando “falta de recursos orçamentários para manter as escolas abertas nos finais de semana para essas iniciativas comunitárias”. Porém, o verdadeiro motivo da proibição é que esses projetos voluntários ensinavam, além das matérias básicas do vestibular, tais como física, matemática e português, uma disciplina chamada “Cultura e Cidadania” onde eram trabalhados – através do método de Paulo Freire intitulado Pedagogia do Oprimido – assuntos como noções de cidadania, direito constitucional, voto consciente e organização popular.
Evidentemente que esse tipo de formação não interessa aos maus políticos, pois ele forma jovens pensantes e conscientes em nossa sociedade.
No segundo turno das eleições do ano passado, o Senhor Eduardo Paes prometeu reabrir as escolas públicas municipais a esses projetos. Porém, infelizmente, até agora isso não aconteceu apesar de todas as tentativas de diálogo estabelecidas esse ano com o atual Prefeito.
Acreditamos que o futuro seja construído por atitudes concretas no presente, principalmente quando se fala em educação. Nós apelamos, através desse artigo, para a sensibilidade do atual Prefeito, o Sr. Eduardo Paes. Estamos imbuídos do mais republicano espírito de solidariedade social. Não queremos que o atual Prefeito nos faça nenhum favor. Queremos apenas que ele, o Sr. Eduardo Paes, se não puder ajudar, pelo menos, não continue com a política lamentável de criminalização da pobreza feita pelo seu antecessor que, infelizmente, atrapalha, e muito, a construção do futuro que queremos para a nossa cidade. É sempre bom lembrar que só há pré-vestibulares comunitários porque o Estado é incapaz de promover uma Educação Pública de qualidade.
Investir em educação não é favor, mas obrigação de qualquer homem público que tenha o mínimo de responsabilidade na construção de um modelo de sociedade que tenha o bem comum como princípio fundamental.
Robson Campos Leite - www.robsonleite.com.br
Robson Campos Leite é Professor de Cultura e Cidadania do PVNC (Pré Vestibular para Negros e Carentes) e primeiro suplente de Vereador do Partido dos Trabalhadores - Rio de Janeiro
domingo, 19 de abril de 2009
O Aprendiz
Assisti ao episódio de estreia do Aprendiz 6 - Universitário, exibido no dia 9 de abril, comandado por Roberto Justus. Para minha surpresa, dentre os "aprendizes" havia duas pessoas fenotipicamente pretas: Guilherme, estudante de Comunicação, de São Paulo, e Mariana, estudante de Ciência da Computação, do Rio de Janeiro.
Era possível perceber na cara dos demais (todos brancos de classe média-alta) que eles não estavam contentes com a presença de Guilherme entre eles. Saquei logo de cara que o pessoal não desperdiçaria a primeira oportunidade de fritá-lo. Uma das participantes, de nome Stephanie Paris, foi a que mais demonstrou insatisfação com Guilherme, e por isso fez de tudo para que ele fosse chutado para fora do programa.
Como se não bastasse esses fatores, o cabra ainda deu todos os vacilos possíveis: não demonstrou empenho nas provas, estava visivelmente desconcentrado (tanto que esqueceu de fazer um pagamento importante), escreveu uma palavra errada por não dominar bem o inglês (ao invés de escrever "lounge" ele escreveu "loundge") e para piorar a situação estava cantando e batucando dentro do carro enquanto as outras participantes (dentre elas a citada Stephanie) estavam conversando com os demais integrantes da equipe pelo telefone. E olhe que ele foi encarregado de encontrar os lugares onde a equipe fecharia negócios necessários ao cumprimento da tarefa.
O clima de complô ficou evidente na sala de reunião, na qual os representantes da equipe perdedora devem explicar os erros cometidos durante a tarefa e aquele considerado o maior responsável pelo insucesso é demitido por Justus. Todos em uníssono jogaram a responsabilidade da derrota na fraca atuação de Guilherme (como se ele tivesse sido o responsável único pelo fiasco), tanto que a líder da equipe chegou a dizer que "ele demonstrou ser totalmente dispensável para equipe". Ela foi repreendida por Justus ao dizer isso, mas no final das contas fez o que todos os membros da equipe queriam: demitiu Guilherme do programa.
Trabalho em três cursinhos pré-vestibulares comunitários aqui em Salvador (frequentado majoritariamente por estudantes pretos, pobres, periféricos e suburbanos), e portanto usei esse exemplo em sala de aula para fazer uma analogia com o momento que eles estão vivendo, na esperança de que isso lhes ajudasse a pensar sobre o que estão buscando na vida. Desnecessário dizer que isso também serve para mim, uma vez que eu não sou melhor do que ninguém; também cometo erros, e luto diariamente comigo mesmo para não repeti-los.
É notório que a universidade não é um campo vazio dos preconceitos existentes na nossa sociedade: racismo, sexismo, homofobia, dentre outros. Por conta disso, é lógico que os pretos, pobres e favelados são pessoas indesejáveis dentro do espaço universitário (vide as forças organizadas contra a implantação do sistema de cotas nas universidades brasileiras). Diante disso tudo, é importantíssimo que nós tenhamos cuidado redobrado com a nossa postura na universidade e posteriormente no mercado de trabalho.
Nada de brincadeiras fora de hora. Nada de dar vacilo perto de pessoas que estão esperando o primeiro mole nosso para nos foguetar. Não estou dizendo que nós não devemos rir, contar piada, descontrair, mas tudo tem de ser feito no local e momento adequados. Na hora de falar sério, temos de ser sérios e sobretudo respeitar os costumes de cada lugar. Deixemos o riso, a gargalhada alta, as piadas e todas as outras manifestações de descontração para quando estivermos no bar com os amigos tomando uma cerveja, mas na hora em que estivermos na sala de aula da universidade ou no ambiente de trabalho devemos esquecer isso tudo. Esses locais têm as suas regras, as suas leis e os seus códigos específicos, e nós devemos respeitá-los se quisermos permanecer lá.
Parafraseando o grande (e para mim imortal) Milton Santos, nós somos pretos, pobres, favelados, periféricos e suburbanos, e por isso temos de ter muito cuidado e atenção com o nosso comportamento (a maneira de falar, o uso de gírias, as nossas roupas, os nossos hábitos à mesa e principalmente com a nossa aparência), pois qualquer mínimo equívoco que cometermos será suficiente para justificar todos os preconceitos existentes sobre as pessoas supracitadas.
É claro que não existe relação alguma entre o tipo de cabelo e a competência profissional de uma pessoa, mas também não se pode negar que os empregadores e demais pessoas nos julgam pela aparência. Em vista disso, nem tentem procurar emprego com o cabelo cheio de tranças, com roupas "alternativas", cheio de penduricalhos no pescoço e nos braços, pois tenham certeza de que vocês serão eliminados logo de cara.
Não me interpretem mal. Também sou preto, pobre e favelado, e falo isso porque também tive de cortar o meu cabelo para procurar emprego. Fiz isso com a maior tristeza do mundo, mas sabia que escola alguma daria emprego a um professor com um cabelo á la Don King. A corda só arrebenta do lado do mais fraco, e infelizmente o lado mais fraco é o meu.
domingo, 29 de março de 2009
"Pobre só gosta de porcaria".
Fala-se muito que "pobre só gosta de música ruim", que "pobre só escuta merda", que "não gosta do que é bom", e outras tantas besteiras do tipo. Já vi e ouvi muita gente dizer isso. Tive vários arranca-rabos com colegas de faculdade, professores, familiares e amigos por causa desse assunto. Todos eles, em maior ou menor grau, insistiram na ideia de que só os ricos gostam das "coisas boas", da "cultura" (como se os mais pobres não tivessem cultura, e que os ricos fossem uns poços de inteligência e erudição. Eu sempre bati - e ainda bato - de frente com todas as pessoas que dizem isso, pois discordo profundamente.
Discordo por algumas razões que tentarei expor nessas mal-traçadas linhas a partir de agora: os mais pobres não gostam da "alta cultura" por acaso? Os moradores das favelas e dos bairros de periferia não gostam de música clássica, jazz e blues, não vão ao teatro, não escutam Maria Rita, João Bosco, Chico Buarque e tantos outros do gênero simplesmente porque não querem ou porque os organizadores desses espetáculos usam de estratégias várias para impedir que os mais pobres tenham acesso a esse tipo de produção cultural? Não digam que isso é mania de perseguição minha, pois não é.
A minha mãe sempre curtiu - e acredito que ainda curte - muito as músicas de Julio Iglesias. Tinha vários LPs (que já foram jogados na lata do lixo há muito tempo). Certa vez (nem lembro mais quando), Iglesias veio a Salvador fazer uma apresentação no Clube Bahiano de Tênis (que não existe mais), e ao saber disso minha mãe quase enlouqueceu. Queria porque queria ir a essa apresentação de qualquer maneira. Ligou para o clube a fim de saber qual era o preço do ingresso, e ao desligar o telefone a decepção ficou estampada na cara dela. Foi informada por uma funcionária que não havia ingressos à venda, mas reserva de mesas com quatro cadeiras a quatrocentos reais (uma fortuna para ela). Como minha mãe não dispunha dessa quantia no momento, foi obrigada a desistir de realizar um dos seus sonhos. Sabe-se lá quando Iglesias voltará a Salvador - e se ela terá dinheiro para pagar o ingresso, é claro.
Outra vez, Chico Buarque veio a Salvador fazer uma apresentação no Teatro Castro Alves (um dos mais famosos da cidade. Como minha mãe gosta muito das músicas de Chico, também ficou louca de vontade de ir ao teatro vê-lo. Quando soube que o ingresso mais barato custava R$ 140, para ficar sentada na fileira Z10000000.... (na fileira G já não é possível enxergar mais porra nenhuma), ela mais uma vez teve de resignar-se.
Mais recentemente, a minha namorada estava reclamando comigo sobre uma apresentação de Maria Rita que aconteceu na Marina da Penha (local caríssimo e por isso frequentado somente pelos endinheirados baianos e por turistas igualmente endinheirados). Ela reclamava do alto preço do ingresso, do horário da apresentação, da dificuldade de transporte para chegar ao local (além de não haver ponto de ônibus próximo ao local, nenhuma linha de ônibus que sai do bairro onde moramos passa lá), da falta de dinheiro para pagar táxi... Após escutar tudo, eu lhe fiz a seguinte pergunta: "minha cara, você acha que o empresário que trouxe Maria Rita para fazer apresentação aqui em Salvador pensou em você? Pensou nos pobres moradores de periferia que gostam do trabalho dela? Você acha que os organizadores do espetáculo querem a nossa presença lá?".
É justamente isso. A nossa presença é rechaçada nos lugares e eventos "eruditos". Barreiras e mais barreiras são criadas para que pessoas como eu, minha mãe e minha namorada não apareçam nesses locais - como espectadores, é claro. Foi anunciado nos jornais que o Cirque du Soleil fará uma apresentação aqui em Salvador em agosto. O ingresso mais barato custará quase R$ 300 (para quem quiser sentar na fileira Z100000000...) e o mais caro (para quem quiser sentar na fileira A1) R$600.
Pensa que acabou? Nada disso. Além desses preços estratosféricos para a realidade da maioria dos moradores de Salvador, os ingressos só serão vendidos a clientes Bradesco Prime e American Express. Agora respondam-me: qual é o pobre brasileiro que tem conta Bradesco Prime e cartão de crédito da American Express?? Mesmo que eu me acabe para conseguir dinheiro para comprar um ingresso, eu não poderei comprá-lo porque eu não sou correntista de um banco e muito menos cliente do outro.
É por isso que eu fico furioso da vida toda vez que alguém fala mal do pagodão e do arrocha (ritmos musicais bastante difundidos entre os moradores de periferia de Salvador) na minha frente. Voo - e voarei - em cima de qualquer um que disser que isso é "baixaria", "zoada", que essas músicas "não tem letra", "não dizem nada", e consequentemente que "pobre só gosta dessas porcarias mesmo". Ora, bolas!! Os pobres também têm o direito de se divertir. E como não possuem condições de gostar "do que é bom", criam os seus próprios divertimentos. Os pobrs curtem o pagodão e o arrocha porque são produções culturais que eles podem consumir. Os CDs podem ser comprados em qualquer banca de camelô da cidade (eu sou totalmente a favor dos camelôs), e as apresentações são bem mais baratas. O preço do ingresso custa em média R$15, casadinha R$20. Junta-se dez de um, dez de outro, e vamos lá.
Se querem que os pobres gostem de música clássica, coloquem a Orquestra Sinfônica da Bahia para fazer apresentação nos bairros pobres da cidade; se querem que a "vil-canalha" goste de balé, coloquem a companhia de balé de Rosana Abubakir para fazer apresentação no subúrbio ferroviário; se querem que os pobres gostem de Chico Buarque, Paulinho da Viola e afins, coloquem os CDs a um preço mais baixo que com certeza essas pessoas comprarão. Fica fácil criar toda sorte de meios para impedir que os pobres gostem desse tipo de cultura, e depois dizer que o brasileiro "não dá valor aos bons artistas nacionais". Como é possível dar valor a uma coisa totalmente desconhecida?
Só à guisa de ilustração, uma menina moradora de Paripe (bairro do subúrbio ferroviário e totalmente esquecido pelos poderes públicos) começou a treinar balé numa sala sem o piso adequado, sem espelho, com sapatilhas emprestadas, com barras improvisadas, e apesar dessas e outras dificuldades conseguiu uma vaga no Balé Bolshoi de Santa Catarina. Se ela mandar bem lá em SC, será selecionada para o Balé Bolshoi da Rússia. Acredito que muitas outras meninas do bairro também poderiam obter o mesmo sucesso se tivessem condições adequadas para treinar.
Esse é o mesmo argumento usado por aqueles que dizem que "brasileiro não gosta de ler". Será mesmo? Livros custam muito caro nesse país!!!! É praticamente impossível encontrar um livro que custe menos que trinta reais. Ao ouvir essa constatação, esses canalhas dizem que isso não é desculpa porque "existem bibliotecas públicas acessíveis a quem não tem condições de comprar livros". Eu pergunto: qual é o tempo que uma pessoa que sai de casa às 5h da manhã para trabalhar e retorna às 22h tem para ficar dentro de uma biblioteca pública lendo alguma coisa? Se os livros fossem mais baratos, essas pessoas poderiam comprá-los e lê-los em casa nos poucos momentos de folga.
É o que tenho a dizer.
Até mais ver.
terça-feira, 17 de março de 2009
Estreando minha vida de blogueiro.
Finalmente eis-me aqui. Depois de tanto tempo lendo, apreciando, repudiando e recomendando (não necessariamente nessa mesma ordem) blogs alheios, tomei a coragem necessária para criar o meu blog. Procurarei - na medida do possível - usar esse espaço para discutir, desabafar, problematizar, contar piadas, "causos", tragédias, alegrias... enfim, escreverei. O resultado, eu verei depois.
Quero registrar aqui o incentivo dado por Ana Paula Schantz ("de Porto Alegre para o mundo")para entrar nesse (sub)mundo dos blogueiros (é, minha cara! Demorou, mas saiu). O convite para entrar nessa vida veio há um certo tempo, mas não aceitei o convite logo de cara porque não me senti confiante. Mas agora não dá mais para escapar. Estou nessa para o que der e vier.
Por enquanto é só. Assim que surgir alguma ideia na mente, darei o ar da graça por essas paragens.
Até mais ver.